Entre muita chuva e lama, às 22 horas de SWU

Minha história no SWU começa pouco depois do meio-dia da segunda-feira, quando encerrei o trabalho do dia e comecei a me aprontar. Depois do Chaves, saí de casa rumo ao ponto para pegar o ônibus até a Praça da Sé, de lá para o metrô e ir até a Barra funda comprar a passagem do trecho São Paulo-Paulínia.

Na fila, foi tudo tranquilo e em 20 minutos já estava com minha passagem na mão, bem diferente de 2010, quando fiquei duas horas na fila. Uma coisa que me surpreendeu foi ver duas meninas, creio que maiores de idade, aceitando rachar as despesas da viagem com um cara desconhecido e tratando tudo ali, na fila.

Esperando o ônibus, conheci duas mulheres que estavam tentando remarcar a passagem, pois elas reservaram dois lugares, como indicava o site oficial, mas o horário de saída que estava na passagem era às 11h – inviável para as duas. No fim, a passagem foi remarcada para 16h45 (a organização disso é uma coisa que precisa ser revista para 2012).

A viagem até Paulínia foi tranquila e levei quase duas horas para chegar na cidade. E então confirmei o que me falaram: o parque onde aconteceu o festival era muito perto da rodoviária. Em questão de cinco minutos, passei pela revista, que olhou apenas minha mochila, e entrei.

Lá dentro, confesso que fiquei abismado com o tamanho do lugar e com a estrutura. Isso está perfeito e não há do que reclamar. Duas coisas que precisam ser melhoradas e percebi logo na entrada: as informações e placas de sinalizações. Haviam poucas e fiquei desencontrado até achar os dois palcos principais e a programação do dia (sabia que teria Sonic Youth, Faith No More, Alice in Chains e STP, mas queria saber e me lembrar do resto).

Olhando uma placa, vi que estava na hora do show do 311. Cheguei a tempo de pegar a apresentação de perto e ver o show da grade – também graças a pouca lotação até àquela hora.


Então chegou o momento que estava esperando: a apresentação do Sonic Youth. Com todos os boatos envolvendo a separação de Kim Gordon e Thruston Moore e o possível fim da banda, fui com uma expectativa muito alta para o show. E eles não me decepcionaram nem um pouco. Foi uma catarse de tão incrível que foi e chorei tanto que duas pessoas vieram me perguntar se eu estava bem.

Após isso, fui às arquibancadas, encontrei uns amigos e fiquei batendo papo durante os shows do Primus e do Megadeth. Assim que acabou a última apresentação, desci para ver o STP e não me arrependi. Nunca pensei que veria os caras ao vivo e assisti dois shows em menos de um ano. O show do STP foi legal e o set list ainda era um pouco diferente da apresentação em São Paulo, no Via Funchal.

Então veio o show do Alice in Chains (que não era o Alice in Chains, como disse Rodrigo Kenji). Foi uma apresentação boa, diga-se de passagem, mas vi apenas três músicas mais de perto. Queria ver o Faith No More do melhor lugar possível e saí do enorme bolo de pessoas. E o último show foi incrível e Mike Patton deu seu show à parte.

Após um dia incrível, o pior perrengue do mundo aconteceu. O estacionamento ficou um mar de lama e sujeira graça a chuva que caiu durante todo dia e não parou até a hora que deixei a cidade, às 7h. Resultado: vários carros atolados e li que muita gente só deixou Paulínia depois do meio-dia de segunda-feira. Esse é, de longe, a pior coisa de todo festival e que precisa ser modificada para 2012.

Outra coisa que precisa ser mudada: a quantidade de lixeiras e de gente limpando. Diferente do Planeta Terra, que tem gente limpando o chão o tempo inteiro, e é possível sentar sem problemas, a organização do SWU não colocou lixeiras suficientes (ou estavam muito longe umas das outras) e havia muito lixo no chão – e é verdade que o pessoal também não colabora. No fim, já tinha gente urinando na porta do banheiro, já que não havia condições de usar de tão sujo que estava.

Uma crítica também à iluminação. O espaço entre os palcos era grande, mas muito mal iluminado e, em certa hora, ficou um breu caminhar e, com a sujeira que estava, era perigoso alguém escorregar e cair feio.

Após sair de casa depois das 14h de segunda-feira, passar por muitas coisas e só chegar em casa depois das 11h de terça, valeu a pena ir. No fim, o saldo foi positivo, muito graças ao line up e as melhorias feitas com relação à primeira edição, mas o SWU ainda precisa melhorar muito em alguns aspectos. Apostar em atrações certas é um gol feito, mas também é preciso apostar nas novidades. A organização não pode pensar que é um concorrente do Rock in Rio, porque é possível fazer um bom festival sem repetir as mesmas atrações (trazer Decemberists e Arcade Fire em 2012 seria um gol de placa).

Espero que tudo que deu errado nesta edição melhore e o que deu certo seja mantido. O SWU está criando a cultura do festival em São Paulo e isso é ótimo. É só a segunda edição e não pode parar agora.

Comentários